Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 242

— Três meses depois, em um dia, eu não conseguia ficar dentro de casa. — comecei, fixando o olhar no chão. — Minha cabeça parecia que ia explodir e eu tinha tentado ser ausente, entende? Só… dar o suporte que ela precisava durante a gravidez, pagar as consultas, garantir que não faltasse nada. Mas não queria conviver com ela, não depois de tudo que já tinha acontecido.

Alice assentiu devagar, incentivando sem interromper.

— Era feriado e eu fui pro terraço do prédio fumar. — soltei um riso nervoso, amargo. — Um vício idiota que peguei na ansiedade. O vento estava forte, eu só queria clarear a mente, respirar sem sentir que estava preso. Mas… ela apareceu.

A lembrança fez minha respiração falhar. Olhei para Alice, que mantinha os olhos fixos em mim, como se quisesse me segurar naquele instante.

— E estava com uma arma. — engoli seco, fechando os olhos por um segundo. — Disse que a gente ia criar o filho juntos, que não ia me deixar escapar.

Alice levou a mão à boca, surpresa, mas não disse nada.

— Eu tentei conversar, acalmar… mas ela não queria ouvir. — minha voz tremeu. — Eu estava com medo, Alice. Não só por mim, mas pelo que ela podia fazer. Comigo, com qualquer um… até com a própria barriga. Ela então atirou, avançando sobre mim e mesmo ferido… eu tentei tomar a arma dela.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o suor frio.

— Foi uma luta corporal pesada. — continuei, mais baixo. — A gente se empurrava, se agarrava… e eu sentia o cheiro da pólvora ainda no ar. Ela já tinha disparado contra mim, e eu estava sangrando, mas não conseguia parar. Só pensava que, se eu não tirasse a arma dela, algo pior podia acontecer.

Alice apertou as mãos com força, visivelmente tensa.

— Nós acabamos chegando perto demais da beirada do terraço. — minha voz falhou, e eu pressionei os olhos, tentando conter a imagem que voltava. — E quando eu finalmente consegui arrancar a arma da mão dela, o impulso fez com que ela tropeçasse para trás.

Engoli em seco, as mãos tremendo.

— Mas não tinha mais piso atrás. — sussurrei. — Ela caiu.

Silêncio.

— Eu tentei segurar, Alice. — minha voz se quebrou, e eu olhei para ela, desesperado, como se buscasse perdão. — Juro por Deus que tentei. Agarrei o braço dela, mas escorregou… escorregou entre meus dedos e quando percebi… já era tarde demais.

Minha respiração ficou pesada, a memória esmagando meu peito.

— Eu nunca quis aquilo. — sussurrei, a voz embargada. — O arrependimento me consome todos os dias. Eu… eu só queria tirar a arma dela, só isso.

Eu respirei fundo antes de continuar o relato para Alice, como se cada palavra que saía da minha boca fosse uma lâmina me cortando por dentro.

— Depois que... — minha voz falhou, precisei fechar os olhos para não desmoronar. — Depois que ela caiu, eu entrei em pânico e chamei o nome dela, mas não tinha mais nada que eu pudesse fazer. O corpo já estava no chão... e eu sabia, Alice, eu sabia que estava acabado.

Levei a mão à testa, pressionando como se pudesse apagar a lembrança.

— Eu não pensei em nada além de ligar pro Valter. Ele sempre foi meu braço direito, meu amigo. Contei tudo, desesperado. Pedi ajuda, pedi pra chamar a polícia, uma ambulância, qualquer coisa... mas ele só me disse pra me acalmar. Que se eu fosse preso, se isso vazasse, a empresa ruiria, e principalmente... Caleb que precisava de mim, ele tinha acabado de perder o nosso pai no acidente e ficado paraplégico.

Olhei para Alice, meus olhos ardendo.

— Ele falou que meu irmão não aguentaria me perder. Que os investidores cairiam em cima. Que minha mãe... minha mãe ia definhar se eu fosse parar atrás das grades. Eu juro que eu quis enfrentar, Alice. Eu teria ficado, teria assumido tudo. Mas eu não tive escolha.

A lembrança de Valter se aproximando tomou conta de mim.

— Ele apareceu rápido, como sempre. Me abraçou, disse que ia cuidar de tudo. Eu não queria fugir e repeti isso pra ele várias vezes: eu não quero fugir, eu preciso pagar pelo que aconteceu. Mas ele me fez beber uma água... que tinha algo.

Minha garganta secou.

— Quando percebi, já estava tonto demais pra resistir. A última coisa que vi foi ele me carregando até o carro. Quando acordei, já estava num jatinho, no meio do nada. Já era tarde. Tudo já tinha sido feito por ele, cada detalhe apagado, cada prova escondida. E eu deixei. Eu permiti que isso acontecesse.

— Mais tarde... Valter me contou que a criança... — engoli seco, tentando não chorar, mas a voz me quebrou. — Que meu filho tinha morrido. Eu não tive chance de segurar, de ver, de ser pai. Nada.

Deixei o ar escapar como um desabafo, pesado, sufocante.

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