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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 243

Fiquei sentado, olhando para ela como se o chão tivesse sumido sob os meus pés. Alice respirava fundo com os olhos fechados, como se estivesse lutando contra ela mesma. O silêncio pesava mais do que qualquer palavra.

Depois do que pareceu uma eternidade, ela voltou até mim e quando parou, ficando de frente, ergui o rosto e senti meu coração se contrair. Foi como se algo dentro de mim parasse de doer por um segundo, no momento em que sua mão tocou meu rosto e enxugou minhas lágrimas.

— Dói… — ela sussurrou com a voz embargada. — Dói te ver chorar assim.

Antes que eu conseguisse pensar, me levantei e a puxei para os meus braços. E ali, naquele abraço, eu não era CEO, não era homem feito… era só uma criança assustada que carregava culpa demais. Senti meus ombros tremerem e as lágrimas escaparem de novo.

Ela me envolveu com força, como se quisesse me segurar em pedaços. Seu rosto descansou no meu peito, e eu me inclinei, inspirando profundamente o cheiro dela.

— Me perdoa… — murmurei contra seu cabelo. — Me perdoa por tudo. Não queria ter escondido nada, Alice. Só que… — minha voz falhou, — eu precisava criar coragem. Tudo isso ainda me machuca tanto…

Ela afastou um pouco o rosto para me olhar e respirou fundo, séria, mas com uma doçura que me desmontava.

— Eu sei. — ela disse baixo. — e eu entendo.

Meus olhos buscaram os dela, quase sem acreditar.

— Você entende?

— Fiquei muito magoada, Diogo. — ela confessou, limpando as próprias lágrimas. — Muito. Mas… eu já tinha ouvido boatos sobre a Mádila. Que ela era meio… possessiva com namorados. Só que eu nunca presenciei nada. Então foi difícil acreditar que ela tinha alguma culpa.

— Eu sei…

Ela respirou fundo mais uma vez, como quem se rende ao que sente.

— Mas mesmo te conhecendo tão pouco… eu acredito em você. Quer dizer… eu tenho que acreditar. Porque eu te amo tão intensamente que ficar longe de você, imaginando que matou alguém de propósito… — a voz dela tremeu — isso ia me matar também.

Meus olhos voltaram a arder, mas dessa vez de outra forma. Neguei com a cabeça, aproximando a mão do rosto dela para secar as lágrimas que ainda caiam.

— Eu também te amo, muito e eu nunca faria isso, Alice. Nunca mataria uma pessoa.

Ela me olhou fundo, como se quisesse enxergar até o último pedaço da minha alma. Ficamos assim por um tempo que parecia infinito, sem precisar falar nada.

E então eu não aguentei. Me aproximei, roçando meu nariz no dela, até que nossos lábios se encontraram. Foi um beijo cheio de tudo, de dor, perdão, saudade, amor. Um beijo apaixonado, como se nossas feridas se fechassem ali, pelo menos por um instante.

O beijo foi interrompido pelo som irritante do meu celular tocando. Suspirei contrariado, tirei o aparelho do bolso e vi o nome de Alessandro na tela. Um sorriso escapou.

— É o Alessandro. — murmurei para Alice, antes de atender. — Fala, irmão.

— Onde você está? — a voz dele soava tensa, como sempre.

Olhei para Alice e não resisti a brincar:

— Resolvendo uma questão de vida ou morte.

Houve um silêncio do outro lado e então Alessandro explodiu.

— Como assim, Diogo? O que tá acontecendo? É o Enrique de novo?

Soltei uma risada baixa.

— Calma. Depois eu te explico, mas já tô no hospital, estou indo pra recepção.

— Tá. — ele respondeu, ainda desconfiado. — Estou te esperando aqui.

— Beleza. Até já.

Desliguei e encarei Alice. Antes que ela pudesse falar, puxei-a de novo para um beijo rápido. Ela sorriu contra a minha boca, balançando a cabeça.

— Mais tarde você vai me explicar tudo com calma. — disse, apertando os olhos em mim. — Porque meu primo me mandou umas coisas...

Meu estômago pesou, mas suspirei fundo.

— Eu imagino o que seja. — respondi sério. — Mas eu vou te mostrar tudo, meu amor. Prometo. Agora, a gente precisa ver a pequena que acabou de chegar ao mundo.

Ela assentiu e seguimos juntos até a recepção. Alessandro estava de pé com os braços cruzados, olhando em volta como quem não confiava em ninguém naquele hospital. Assim que me viu, soltou um “até que enfim” e veio em nossa direção.

— Vem. — disse seco, mas o brilho nos olhos denunciava a emoção.

Entramos no quarto e lá estava Larissa, pálida de cansaço, mas com o sorriso mais doce que eu já tinha visto.

No colo, a pequena Duda, dormindo profundamente. A cena me pegou de um jeito que eu nem soube descrever.

Me aproximei devagar, deixando um beijo no topo da cabeça de Larissa.

— Você está bem? — perguntei baixinho.

Ela levantou os olhos para mim e assentiu, cansada, mas feliz.

— Estou sim… cansada, mas bem.

O olhar dela então foi para Alice, e eu vi as lágrimas surgirem.

— Obrigada. — Larissa disse com a voz falhando. — Obrigada por ter ajudado com a minha filha. Eu vou ser sempre grata a você, Alice. Sempre.

Alice se aproximou, os olhos brilhando de emoção. Olhou para a pequena Duda e respirou fundo com um sorriso no rosto.

— Eu faria de novo, sem pensar duas vezes. Você se tornou alguém muito especial pra mim, Larissa.

Eu fiquei parado ali, observando as duas, sentindo o peito apertar. Era bom ter um momento leve assim, depois de todo aquele caos.

Depois de algum tempo no quarto, nos despedimos de Larissa e Alessandro e saímos. Assim que fechamos a porta, ela respirou fundo e passou a mão no rosto.

— Eu vou pra casa… estou cansada e preciso de um banho.

Assenti devagar.

— Tudo bem. Só… você pode esperar uns minutinhos? Preciso ver o Valter.

Ela franziu o cenho, surpresa.

— O que o Valter tá fazendo aqui? — perguntou com os olhos estreitos.

Aproximei-me dela e deixei um beijo suave na testa.

— Eu te explico tudo no carro, prometo. Pode esperar um pouco? Não vou demorar.

Ela suspirou, ainda desconfiada, mas assentiu.

— Tá. Vou esperar ali. — disse, apontando para um banco próximo.

Deixei-a sentada e segui até a recepção, onde perguntei em qual quarto o Valter estava. Subi, respirei fundo antes de entrar, e o encontrei mexendo no celular. Ele ergueu os olhos quando me viu e deu um meio sorriso cansado.

— Tá certo. Vai lá. Depois você me atualiza.

Apertei de leve o ombro dele mais uma vez, levantando da cadeira.

— Descansa, meu amigo. Eu volto depois.

***

Saímos do hospital de mãos dadas, mas em silêncio. Eu sentia o peso das últimas horas sobre meus ombros, e mesmo sem palavras, a presença dela ao meu lado era um alívio. Chegamos ao estacionamento, entrei no carro e esperei ela se ajeitar no banco. Assim que saímos da área do hospital, Alice virou o rosto para mim, com o olhar carregado de expectativa.

— O que aconteceu com o Valter? — a voz dela soou baixa, mas firme.

Soltei um suspiro pesado, mantendo os olhos fixos no trânsito à frente.

— No domingo... o Enrique tentou contra a vida da minha mãe. — minha voz saiu mais dura do que eu pretendia.

Alice arregalou os olhos, surpresa.

— Como assim?

— Um dos seguranças da minha mãe morreu baleado. Mas aquela bala... era pra ela. — apertei o volante, tentando controlar a raiva que ainda queimava dentro de mim.

Ela levou a mão à boca em choque, e eu continuei…

— Depois disso, o Valter conseguiu descobrir onde o Enrique estava. Fomos até lá, era um galpão abandonado. — fiz uma pausa, respirando fundo. — Teve troca de tiros... e uma explosão.

— Troca de tiros? — ela repetiu, a voz embargada, como se ainda tentasse acreditar. — Você estava no meio disso? Você se machucou?

Balancei a cabeça, tentando tranquilizá-la.

— Não, eu tô bem. Mas o Valter... ele não teve a mesma sorte. Se machucou feio e o Enrique matou dois dos homens dele. Outros dois ficaram feridos. — travei a mandíbula. — E não estava sozinho.

Alice ficou um instante imóvel, como se precisasse de tempo para processar.

— Que homem era esse?

— Amadeu. — falei o nome devagar. — O tio da Fernanda... a ex do meu irmão.

Ela passou a mão pelo rosto, exasperada.

— Que merda de bola de neve é essa, Diogo? Quanto mais você fala, mais complicado fica.

Assenti, sentindo o peso da verdade.

— Eu sei. — suspirei. — Fernanda só se aproximou do Caleb por causa de uma chantagem. O tio dela ameaçou machucar a irmã dela, uma menina de nove anos, se ela não obedecesse. E tudo isso por causa do Enrique. — desviei o olhar por um segundo, antes de voltar a encarar a rua. — Ele queria informações sobre mim... e usou o Caleb e a Fernanda pra isso.

O silêncio se instalou no carro, pesado. O sinal fechou e eu aproveitei para segurar a mão dela, apertando com firmeza.

— Alice... você pode ir comigo pra cobertura? — perguntei, encarando seus olhos. — Eu quero te mostrar umas coisas.

Ela hesitou por um segundo, mas então assentiu.

— Posso.

O sinal abriu e seguimos. Não dissemos mais nada até chegar à casa dela. Esperei no carro enquanto ela entrava e tomava um banho rápido, e quando voltou, seguimos direto para a cobertura. O silêncio continuava entre nós, mas agora... não era de distância. Era de preparação para tudo que ainda precisava ser dito.

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