(Alice)
Assim que entrei na cobertura, respirei fundo, tentando afastar a tensão que se acumulava no meu peito. O silêncio dali era diferente do do carro, mas não menos pesado. Olhei para Diogo e vi aquele brilho em seus olhos, o jeito de me observar como se eu fosse a única coisa que importava e soube que não havia arrependimento em mim.
Eu não me arrependia de ter feito as pazes com ele. Só queria entender tudo e precisava acreditar, de uma vez por todas, que ele não tinha culpa de nada. Porque, até agora, eu tinha deixado o coração falar mais alto.
— Você quer comer alguma coisa? — ele perguntou, quebrando o silêncio.
Assenti, soltando um suspiro.
— Quero, sim... preciso, na verdade. Só comi uma maçã à tarde.
Ele fez um leve aceno de cabeça e pegou o celular. Deduzi que estava pedindo alguma comida. Quando terminou, guardou o aparelho no bolso e me encarou novamente.
— Espera aqui um pouco, e vou buscar umas coisas.
Assenti sem questionar, me ajeitando no sofá. Ele desapareceu pelo corredor que dava acesso ao quarto, e por alguns segundos, só ouvi o som distante dos meus próprios pensamentos.
Não demorou muito para ele voltar, trazendo uma caixa nas mãos e um notebook. Colocou tudo na mesinha de centro, bem diante de mim.
— O que é isso? — perguntei, confusa.
Ele respirou fundo, encarando as coisas por um instante antes de responder.
— Provas. — a palavra ficou pesada no ar. — De alguma forma, eu sempre soube que isso viria à tona um dia. Então... eu tinha que me proteger. Mesmo que tenha sido errado encobrir tudo.
Assenti devagar, sentindo meu coração bater mais rápido.
Ele abriu a caixa e puxou um envelope. De dentro, tirou algumas fotos e me inclinei para ver melhor, quando as imagens ficaram nítidas diante de mim, franzi o cenho. Eram fotos dele, de seu corpo com marcas de unhas, hematomas arroxeados...
— O que é isso? — perguntei com a voz embargada.
— Foi ela. — ele respondeu, olhando fixamente para mim. — A Mádila.
Meu estômago revirou.
— Nós chegamos a morar juntos por algumas semanas. — ele continuou, a voz baixa, pesada de lembranças. — Ela tinha crises de ciúmes... me agredia. Eu nunca revidava e por isso acabava assim. — fez um gesto em direção às fotos. — Eu guardei como prova para o boletim de ocorrência que fiz contra ela.
Senti o ar preso nos pulmões. Ele então pegou outro envelope e me entregou. Dentro, havia cópias do boletim e do atestado da medida protetiva contra ela. As palavras estavam ali, frias, oficiais: agressões, chantagens, ameaças.
Meus olhos ardiam enquanto eu lia cada linha, e lágrimas começaram a se formar.
Diogo não parou. Foi retirando mais coisas da caixa como gravações de áudios em que ela o chantageava, ameaçava, gritava absurdos que me gelavam o sangue. As transcrições de chamadas telefônicas gravadas, provas de um terror silencioso que ele tinha suportado sozinho.
Meu coração murchou. Era como se eu tivesse levado um golpe. Nunca, nunca imaginaria que a Mádila, minha prima, que sempre cuidou de mim, que tantas vezes foi meu apoio, fosse capaz daquilo.
Fechei os olhos por um instante, as lágrimas já escorrendo sem que eu pudesse segurar. A imagem dela, que até pouco tempo era de alguém que eu confiava cegamente, se despedaçava diante de mim.
Senti os braços de Diogo envolvendo-me de forma protetora, e pela primeira vez desde que cheguei à cobertura, me permiti chorar um pouco. As lágrimas escorriam sem pedir licença, e ele me segurava firme, com aquele calor que sempre me acalmava. Depois de alguns instantes, afastei lentamente, limpando o rosto com as costas da mão.
— Nunca imaginei que a Mady pudesse fazer tudo isso… — murmurei, ainda com a voz embargada.
Diogo forçou um sorriso triste, e eu pude ver o quanto aquilo ainda o afetava.
— Eu também nunca imaginei quando a conheci… — respondeu, baixinho. — Mas infelizmente, tudo aconteceu. E bem na época em que meu pai morreu naquele acidente que deixou o Caleb paraplégico. Tudo já era difícil… e o que ela fez só piorou.
Levei a mão ao rosto dele, tocando suavemente sua pele, como se pudesse transmitir toda a minha compreensão e apoio. Suspirei fundo, tentando equilibrar a emoção que ainda borbulhava dentro de mim.
— Eu acredito em você, Diogo. — disse baixinho. — E me desculpa… por não ter deixado você se explicar antes.
Ele assentiu, pressionando meus dedos contra os lábios num beijo suave.
— Está tudo bem, meu amor. Eu sabia que você precisava de um tempo.
Sorri, sentindo uma leveza se espalhar pelo peito, mesmo com toda a tensão das últimas horas. Logo, o interfone tocou, interrompendo aquele momento.
— Deve ser a comida subindo. — disse Diogo, levantando-se para atender.
Esperamos juntos até que o elevador da cobertura se abrisse. Ele pegou a comida com um “obrigado” educado ao funcionário e a levou até a mesa de jantar improvisada. Me aproximei, mas antes que pudesse me acomodar, Diogo me puxou para o colo dele.
— Vai ser difícil jantar desse jeito… — comentei, rindo.
Ele sorriu, apertando-me contra si.
— Não quero desgrudar de você nem um segundo.
Sorri novamente e comecei a servir os pratos, me mantendo aconchegada no colo dele. Comemos em silêncio por alguns minutos.
— Quero que guarde na memória a Mádila que cuidou de você… Porque a pessoa que ela foi para mim era outra. As lembranças que você tem com ela são boas e raras, e você precisa manter isso.
Assenti, fungando um pouco, e respirei fundo.
— Eu vou lembrar… — murmurei.
Ele riu levemente, ainda com a testa encostada na minha, e seus olhos brilharam.
— Alice… o que seria da minha vida sem você? — perguntou.
Senti meu coração acelerar e sorri, abanando a cabeça.
— Realmente… sou um peixão. — disse, provocando.
Diogo não resistiu, me puxou para um beijo rápido, quente, e depois riu baixinho.
— Agora, come tudo, tá? — disse, acariciando meu cabelo.
Comi em silêncio por um momento, enquanto ele também comia, concentrado. Depois, algo que vinha martelando na minha cabeça escapou.
— Diogo… você vai querer se aproximar do seu filho? — perguntei, hesitante, mas sincera.
Ele parou com o garfo no caminho da boca, respirou fundo e descansou o utensílio no prato.
— Eu já pensei… — disse, a voz mais séria agora. — Mas tenho medo da rejeição. Lucas já tem nove anos… ele pode muito bem me rejeitar e… dizer a verdade.
— Que verdade? — perguntei, inclinando-me um pouco para frente.
— Que eu… o abandonei. — disse ele, olhando para o prato. — Ele chama outro homem de pai.
Senti meu peito apertar, e sem pensar, me movi devagar, sentando de frente para ele, de frente aos seus olhos. Segurei seu rosto com as duas mãos.
— Não pense assim, Diogo. — disse, firme. — Agora, você tem que se esforçar para conquistá-lo. Eu sei que não é fácil, mas uma criança pode gostar de você muito mais rápido do que imagina.
Ele respirou fundo, os olhos fixos nos meus.
— Alice…
Inclinei-me e beijei-o, sentindo cada pedaço da dor e da esperança dele se misturar ao meu coração.
— Eu vou ajudá-lo. — prometi, firme. — De jeito nenhum vou deixar você continuar ignorando o próprio filho.
Diogo forçou um sorriso, mas acenou com a cabeça.
— Com você ao meu lado… — disse ele, apertando minha mão contra o peito — eu tenho coragem de fazer qualquer coisa.
Senti minhas próprias lágrimas ameaçarem escapar, mas eram de alívio, de força. Segurei seu rosto mais perto do meu e o beijei.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...