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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 246

No caminho até a empresa, fiquei olhando pela janela, tentando organizar os pensamentos.

— No horário do almoço, eu passo aqui pra te buscar e a gente vai fazer o exame — ele disse, firme, como se já tivesse decidido.

Revirei os olhos e balancei a cabeça.

— Não, Diogo.

Ele soltou um suspiro pesado.

— Alice, é só pra tirar a dúvida.

Virei para ele, tentando manter a calma.

— Você marcou com a Fernanda às 13h. Não vai dar tempo. Amanhã a gente resolve isso.

Ele ficou quieto por alguns segundos, mas dava pra ver a contrariedade estampada no rosto dele. Assentiu devagar, meio emburrado… o que, pra falar a verdade, era até fofo. Lindo, do jeito que só ele conseguia ser.

Inclinei-me e lhe dei um beijo suave.

— Vai dar tudo certo, tá? — murmurei contra os lábios dele.

Desci do carro antes que ele resolvesse insistir de novo e segui para a entrada da empresa.

Mal tinha chegado perto do elevador quando alguns funcionários se aproximaram, todos com aquela expressão curiosa.

— Alice, é verdade que a senhora Larissa já ganhou o bebê? — um deles perguntou.

Assenti, respirando fundo.

— Sim, é verdade. A pequena Maria Eduarda chegou e está bem, assim como a Larissa. E quando eu chegar na minha mesa, vou lançar o comunicado oficial.

Alguns sorriram, outros suspiraram aliviados, mas logo se dispersaram.

— A partir de agora, qualquer assunto que vocês tenham com ela, passem primeiro por mim — completei, olhando para o grupo. — Vou avaliar se é urgente ou se pode esperar até o retorno dela.

As portas do elevador se abriram, e eu entrei, finalmente respirando um pouco mais aliviada.

Quando cheguei na minha mesa, dei de cara com uma pilha de papéis me esperando. Respirei fundo, ajeitando a cadeira e tentando focar. Agora que Larissa tinha entrado em licença maternidade, cabia a mim filtrar tudo, organizar o que realmente precisava ser passado a ela e o que podia esperar.

Puxei a primeira pasta e comecei a leitura, mas minha mente não colaborava. A possibilidade que tinha me assombrado de manhã insistia em voltar. Duas semanas de atraso. Uma tontura inesperada, o enjoo com cheiro de comida.

Engoli em seco, fechando os olhos por um instante.

“Não posso estar grávida agora.”

***

Respirei fundo, olhando para o relógio. Já estava quase na hora de ir embora quando tomei coragem. Não dava mais para ficar só no “e se”. Peguei o celular e pedi quatro testes de gravidez. Quatro. Se realmente estivesse grávida, mesmo que não fosse algo que eu quisesse agora, eu faria disso uma surpresa para o Diogo. Algo simples, mas especial. Ele merecia.

Apertei o botão de confirmar pedido e senti meu coração disparar.

Avisei na recepção que, quando o entregador chegasse, que subisse direto até minha sala. Não queria ninguém metendo o nariz em algo tão íntimo.

A espera pareceu uma eternidade, mas não demorou muito. Quando ouvi a batida na porta, minhas mãos suavam. Peguei o pacote, agradeci rápido e o guardei dentro da bolsa como se fosse um tesouro proibido.

Logo em seguida, meu celular vibrou.

Mensagem do Diogo: “Cheguei.”

Suspirei, coloquei a bolsa no ombro e desci.

Ele estava encostado no carro, lindo demais para ser real. Sorriu quando me viu, e aquele sorriso quase me fez esquecer de tudo.

— Vamos? — ele perguntou, abrindo a porta pra mim.

— Vamos. — respondi, tentando disfarçar a ansiedade.

Ele me levou até um restaurante aconchegante. Sentamos, pedimos a comida, e por alguns minutos ficamos apenas aproveitando a companhia um do outro.

No meio da refeição, não aguentei.

— Você sabe exatamente onde fica esse colégio?

Ele assentiu, colocando o copo de água sobre a mesa.

— Pelo que o Cauã pesquisou, fica numa cidade vizinha. Mas já adianto que é um colégio bem inferior, Alice. É onde colocam crianças esquecidas pelos pais.

Franzi o cenho, sentindo um aperto no peito.

— Como assim, inferior?

— A situação é extrema — ele explicou, sério. — A comida e os lanches não são de qualidade, dizem que muitas vezes estão estragados. Já houve relatos de violência de professores contra os alunos, castigos absurdos… e, pra piorar, o prédio está em ruínas.

Fiquei em choque, com o garfo parado no ar.

— Eu não consigo imaginar crianças vivendo assim… esquecidas, largadas pelos próprios pais em um lugar desses.

Ele suspirou com o olhar pesado.

— Eu também não. — respondeu em voz baixa.

O silêncio entre nós pesou por alguns instantes, como se ambos estivéssemos tentando processar aquela realidade cruel.

***

Quando chegamos ao campus, já havia outro carro nos esperando, discreto, mas eu sabia que os homens lá dentro estavam prontos para qualquer coisa. Diogo não brincava quando o assunto era segurança.

Fernanda estava no mesmo ponto de antes. Assim que a vi, percebi o quanto ela parecia nervosa. O olhar inquieto, as mãos apertando a alça da mochila com força, como se aquilo fosse a única âncora que tinha.

Diogo abriu a porta e falou num tom firme.

— Está com as suas coisas? E os documentos da sua irmã?

Ela assentiu, um movimento curto de cabeça.

— Estou, sim. — Sua voz saiu quase num sussurro.

— Ótimo. — ele disse, e depois me olhou. — Essa é a Alice, minha namorada.

Nos encaramos e troquei um sorriso educado, ela apenas acenou, visivelmente sem jeito. Entramos no carro, e podia sentir o clima carregado de tensão.

O silêncio nos acompanhou durante grande parte do trajeto. Eu sentia o desconforto dela, o olhar fixo na janela, como se tivesse medo até de respirar mais alto.

Foi Diogo quem quebrou o gelo.

— Fernanda, quando chegarmos, você vai até a direção e pede para falar com sua irmã. Se eles negarem, você volta até mim.

Ela virou a cabeça, nervosa.

— E… o que você vai fazer, se eles não deixarem?

Ele ajeitou o relógio no pulso, tranquilo.

Capítulo 084 - Alice 1

Capítulo 084 - Alice 2

Capítulo 084 - Alice 3

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