No caminho até a empresa, fiquei olhando pela janela, tentando organizar os pensamentos.
— No horário do almoço, eu passo aqui pra te buscar e a gente vai fazer o exame — ele disse, firme, como se já tivesse decidido.
Revirei os olhos e balancei a cabeça.
— Não, Diogo.
Ele soltou um suspiro pesado.
— Alice, é só pra tirar a dúvida.
Virei para ele, tentando manter a calma.
— Você marcou com a Fernanda às 13h. Não vai dar tempo. Amanhã a gente resolve isso.
Ele ficou quieto por alguns segundos, mas dava pra ver a contrariedade estampada no rosto dele. Assentiu devagar, meio emburrado… o que, pra falar a verdade, era até fofo. Lindo, do jeito que só ele conseguia ser.
Inclinei-me e lhe dei um beijo suave.
— Vai dar tudo certo, tá? — murmurei contra os lábios dele.
Desci do carro antes que ele resolvesse insistir de novo e segui para a entrada da empresa.
Mal tinha chegado perto do elevador quando alguns funcionários se aproximaram, todos com aquela expressão curiosa.
— Alice, é verdade que a senhora Larissa já ganhou o bebê? — um deles perguntou.
Assenti, respirando fundo.
— Sim, é verdade. A pequena Maria Eduarda chegou e está bem, assim como a Larissa. E quando eu chegar na minha mesa, vou lançar o comunicado oficial.
Alguns sorriram, outros suspiraram aliviados, mas logo se dispersaram.
— A partir de agora, qualquer assunto que vocês tenham com ela, passem primeiro por mim — completei, olhando para o grupo. — Vou avaliar se é urgente ou se pode esperar até o retorno dela.
As portas do elevador se abriram, e eu entrei, finalmente respirando um pouco mais aliviada.
Quando cheguei na minha mesa, dei de cara com uma pilha de papéis me esperando. Respirei fundo, ajeitando a cadeira e tentando focar. Agora que Larissa tinha entrado em licença maternidade, cabia a mim filtrar tudo, organizar o que realmente precisava ser passado a ela e o que podia esperar.
Puxei a primeira pasta e comecei a leitura, mas minha mente não colaborava. A possibilidade que tinha me assombrado de manhã insistia em voltar. Duas semanas de atraso. Uma tontura inesperada, o enjoo com cheiro de comida.
Engoli em seco, fechando os olhos por um instante.
“Não posso estar grávida agora.”
***
Respirei fundo, olhando para o relógio. Já estava quase na hora de ir embora quando tomei coragem. Não dava mais para ficar só no “e se”. Peguei o celular e pedi quatro testes de gravidez. Quatro. Se realmente estivesse grávida, mesmo que não fosse algo que eu quisesse agora, eu faria disso uma surpresa para o Diogo. Algo simples, mas especial. Ele merecia.
Apertei o botão de confirmar pedido e senti meu coração disparar.
Avisei na recepção que, quando o entregador chegasse, que subisse direto até minha sala. Não queria ninguém metendo o nariz em algo tão íntimo.
A espera pareceu uma eternidade, mas não demorou muito. Quando ouvi a batida na porta, minhas mãos suavam. Peguei o pacote, agradeci rápido e o guardei dentro da bolsa como se fosse um tesouro proibido.
Logo em seguida, meu celular vibrou.
Mensagem do Diogo: “Cheguei.”
Suspirei, coloquei a bolsa no ombro e desci.
Ele estava encostado no carro, lindo demais para ser real. Sorriu quando me viu, e aquele sorriso quase me fez esquecer de tudo.
— Vamos? — ele perguntou, abrindo a porta pra mim.
— Vamos. — respondi, tentando disfarçar a ansiedade.
Ele me levou até um restaurante aconchegante. Sentamos, pedimos a comida, e por alguns minutos ficamos apenas aproveitando a companhia um do outro.
No meio da refeição, não aguentei.
— Você sabe exatamente onde fica esse colégio?
Ele assentiu, colocando o copo de água sobre a mesa.
— Pelo que o Cauã pesquisou, fica numa cidade vizinha. Mas já adianto que é um colégio bem inferior, Alice. É onde colocam crianças esquecidas pelos pais.
Franzi o cenho, sentindo um aperto no peito.
— Como assim, inferior?
— A situação é extrema — ele explicou, sério. — A comida e os lanches não são de qualidade, dizem que muitas vezes estão estragados. Já houve relatos de violência de professores contra os alunos, castigos absurdos… e, pra piorar, o prédio está em ruínas.
Fiquei em choque, com o garfo parado no ar.
— Eu não consigo imaginar crianças vivendo assim… esquecidas, largadas pelos próprios pais em um lugar desses.
Ele suspirou com o olhar pesado.
— Eu também não. — respondeu em voz baixa.
O silêncio entre nós pesou por alguns instantes, como se ambos estivéssemos tentando processar aquela realidade cruel.
***
Quando chegamos ao campus, já havia outro carro nos esperando, discreto, mas eu sabia que os homens lá dentro estavam prontos para qualquer coisa. Diogo não brincava quando o assunto era segurança.
Fernanda estava no mesmo ponto de antes. Assim que a vi, percebi o quanto ela parecia nervosa. O olhar inquieto, as mãos apertando a alça da mochila com força, como se aquilo fosse a única âncora que tinha.
Diogo abriu a porta e falou num tom firme.
— Está com as suas coisas? E os documentos da sua irmã?
Ela assentiu, um movimento curto de cabeça.
— Estou, sim. — Sua voz saiu quase num sussurro.
— Ótimo. — ele disse, e depois me olhou. — Essa é a Alice, minha namorada.
Nos encaramos e troquei um sorriso educado, ela apenas acenou, visivelmente sem jeito. Entramos no carro, e podia sentir o clima carregado de tensão.
O silêncio nos acompanhou durante grande parte do trajeto. Eu sentia o desconforto dela, o olhar fixo na janela, como se tivesse medo até de respirar mais alto.
Foi Diogo quem quebrou o gelo.
— Fernanda, quando chegarmos, você vai até a direção e pede para falar com sua irmã. Se eles negarem, você volta até mim.
Ela virou a cabeça, nervosa.
— E… o que você vai fazer, se eles não deixarem?
Ele ajeitou o relógio no pulso, tranquilo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....