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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 247

(Diogo)

Eu não conseguia respirar.

Meu corpo todo congelou no instante em que aquele menino ergueu os olhos pra mim e eu ouvi a própria voz escapando dos meus lábios.

— …Lucas?

Era ele. Meu filho. O que diabos ele estava fazendo ali?

Minha mente girava em espiral, descontrolada. Eu pagava aqueles dois miseráveis para manter Lucas nas melhores condições possíveis. Escola de excelência, acompanhamento, conforto, tudo o que eu não podia dar estando ausente. E, ainda assim… ele estava ali. Magro. Com roupas rasgadas. O olhar cansado de uma criança que já tinha visto dor demais.

Senti o estômago revirar e um gosto amargo subir à minha boca.

Alice percebeu. Eu vi nos olhos dela quando se virou rápido para ele, tentando disfarçar o meu choque.

— Esse homem comprou o colégio — disse, com uma calma que eu jamais conseguiria forçar naquele momento. — Ele viu os alunos nos registros.

Lucas pareceu entender, como se aquilo justificasse o meu olhar paralisado. Ele fez menção de sair, mas Alice o chamou antes que pudesse se afastar.

— Ei, Lucas… você gosta daqui?

Eu apertei os punhos com tanta força que quase senti as unhas rasgarem minha própria pele. Meu corpo todo gelava enquanto o observava, cada detalhe dele. Ele coçou a cabeça, inseguro, e então respondeu.

— Não… aqui é ruim. Eles batem na gente. A comida é azeda. E… — sua voz ficou pequena — …meu pai e minha mãe só vêm visitar a cada dois meses.

Senti uma pontada no peito que quase me derrubou.

A cada dois meses.

Foi exatamente a frequência das fotos que eu recebia de Lucas sorrindo, bem vestido, ao lado dos irmãos, em parques cheios de cor. Tudo encenado, cada maldita imagem, uma mentira. Eu estava sendo enganado enquanto o meu filho era tratado como lixo.

Um arrepio subiu pela minha espinha, mas não era de medo. Era de raiva. Eu queria quebrar tudo.

— Lucas… — chamei, sem nem saber o que iria dizer. Parte de mim só queria gritar a verdade, arrancar aquele peso do peito. Dizer “eu sou seu pai, e eu nunca quis isso pra você”.

Mas antes que eu pudesse abrir a boca de vez, senti o olhar de Alice em mim. Ela apenas balançou a cabeça, um pedido silencioso para que eu respirasse.

Engoli em seco, o peito queimando, enquanto Lucas me olhava de volta, confuso. Ele não fazia ideia. Ele não sabia que estava diante do próprio pai.

A dor disso me atravessou de um jeito que quase me fez cair.

Alice suspirou e se inclinou levemente para ele.

— Pode ir brincar agora.

Ele assentiu com a cabecinha, educado, quase envergonhado.

— Com licença.

E saiu correndo.

Meus pés se moveram sem que eu percebesse, como se eu fosse atrás dele. Eu precisava, não podia deixá-lo escapar outra vez. Mas então senti uma mão firme segurar meu braço.

— Diogo. — Alice chamou minha atenção.

Olhei pra ela, mas meu olhar ainda buscava o menino. Respirei fundo, forçando a calma que não existia. Por fim, assenti, permitindo que ela me puxasse um pouco para o lado.

Ainda assim, meus olhos não desgrudavam da direção para onde Lucas tinha ido.

***

Meu punho acertou o muro com tanta força que um estalo ecoou. A dor latejou nos ossos da mão, mas não foi nada comparada ao que eu sentia no peito. Queria que aquele aperto sumisse, que o nó dentro de mim se desfizesse com a pancada. Mas não adiantou. Continuava lá, sufocando.

Senti Alice segurar meu braço e olhar para a minha mão, agora sangrando, e vi a preocupação nos olhos dela. Não consegui encará-la. O peso da vergonha era grande demais.

Mas então, com aquelas mãos pequenas, firmes e quentes, ela segurou meu rosto e me obrigou a levantar a cabeça.

— Olha pra mim, Diogo… por favor.

E eu olhei. Deus, como aquilo doeu. Os olhos ardiam, e antes que eu percebesse, uma lágrima escapou. Um homem feito, acostumado a carregar o mundo nas costas… chorando.

Senti o abraço dela me envolver e não resisti. Apertei Alice contra mim como se fosse meu único porto seguro, escondi o rosto no cabelo dela e inspirei fundo, tentando me controlar.

Quando ela se afastou, sua voz saiu baixa, mas firme.

— Você não sabia que o Lucas estava aqui, sabia?

Balancei a cabeça, engolindo o nó na garganta.

— Não… — a palavra saiu arranhada. — Eu mandava uma mesada gorda pros pais adotivos dele. Não só pro Lucas, mas pros irmãos também. Pagava pra que eles estudassem em boas escolas, tivessem cursos, roupas boas… tudo do melhor. — minha voz tremeu, o peito queimava. — Então por quê? Por que ele tá assim? Magro, abatido… O que fizeram com o meu filho?

Alice fechou os olhos por um instante e respondeu com dor na voz.

— Essa família te enganou, Diogo.

Uma onda de raiva me atingiu.

— A cada dois meses… eles me mandavam fotos! Fotos de uma família feliz, todos sorrindo, bem vestidos, Lucas brincando no parque! Como eu ia desconfiar?

Capítulo 085 - Diogo 1

Capítulo 085 - Diogo 2

Capítulo 085 - Diogo 3

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